Patrimônio Cultural Brasileiro



 

Zooarqueologia


  Juntamente com os artefatos em pedra e cerâmica, podemos encontrar os elementos faunísticos (fauna). Os principais elementos faunísticos recuperados destes sítios consistem geralmente em partes duras dos animais tais como os ossos, dentes, placas ósseas, etc. 

As partes moles como o músculo, o pêlo, a cartilagem e as penas deterioram rapidamente sendo dificilmente preservadas.


Esta arqueofauna quando analisada de forma específica, demonstra muitos aspectos relacionados ao sítio: dieta do grupo, tempo (sazonalidade), ambiente (floresta, cerrado, etc.), a posição geográfica do sítio na época de ocupação (próximo a rios ou praias) e até mesmo determinar as condições sanitárias do local (Davis, 1987). 

  Os fragmentos mais utilizados para determinar a idade são os dentes e os ossos do membro. Os dentes passam por uma seqüência de erupções, desgastes e perdas. A ordem da troca dos dentes do jovem com relação aos do adulto e um desgaste mais tardio em indivíduos mais velhos podem fornecer uma idade aproximada do animal. 

  Determinar o sexo de um animal através de um simples fragmento de osso é muito difícil. Entretanto, em determinados animais como os cervídeos, a distinção pode ser feita pela presença de chifres nos machos. Outros indícios mais sutis como a forma dos ossos do crânio e da costela podem ser utilizados também. 



Outras áreas de pesquisa dentro da zooarqueologia incluem estudos de práticas de caça e da domesticação animal. Os caçadores, pescadores e coletores são os fornecedores dos recursos animais. Possuem uma riqueza no que tange o conhecimento sobre os animais e seus hábitos, que foram passados e aprimorados de uma geração para a outra. As estratégias de subsistência dos povos são baseadas neste conhecimento e permitem o sucesso em coletar, pescar ou caçar animais.  Podemos pontuar quatro tipos de questionamento que envolvem a subsistência humana e que estão relacionadas com a caça e a domesticação animal: quais espécies foram caçadas ou agrupadas, quais habitats foram explorados pelos caçadores, como os rebanhos domésticos foram controlados, quais ferramentas e as técnicas que foram utilizadas para capturar os animais e como estas espécies foram mortas e consumidas.

Os elementos faunísticos também podem ser utilizados no intuito de reconstruir o ambiente passado, pois sabemos que os animais em particular ocorrem em habitats específicos e podemos usar nossos conhecimentos atuais para reconstruir de que forma o ambiente se apresentava na época da ocupação. Os pequenos mamíferos e moluscos são bons indicadores de ambientes passados porque necessitam de elementos particulares do meio em que vivem.